Um dia, um velhinho de barba bem branquinha vinha pela estrada com fome e chegou a uma casa onde morava uma velha muito pão-dura. Era noite de Natal, mas a velha muito pão dura não havia preparado nenhuma ceia.
- Sou um pobre viajante faminto e cansado. Venho andando de muito longe.
- O que quer – interrompeu a mulher.
- É que estou com fome. Será que a senhora podia me ajudar?
- Não tem nada de comer nesta casa – foi logo dizendo a velha.
Ele olhou em volta, viu um curral cheio de vacas, um galinheiro cheio de galinhas, umas gaiolas cheias de coelhos, um chiqueiro cheio de porcos. E mais uma horta muito bem cuidada, um pomar com árvores carregadinhas de frutas, um milharal viçoso, uma roça de mandioca.
- Não, a senhora entendeu mal. Eu não preciso de comida, não. Só queria era uma panela emprestada e um pouco d’água. Se a senhora me deixar usar seu fogão, eu já estou satisfeito. Porque aqui no chão tem muita pedra, e isso me basta. Eu faço uma sopa de pedra maravilhosa e nunca preciso de mais nada, já fico de barriga cheia. Alem do mais é noite de natal devemos comemorar
Desse jeito, ela não tinha como negar. Então deixou. Meio de má vontade, mas deixou. Só repetiu:
- Sopa de pedra?
- É... – disse ele, se abaixando para pegar uma pedra no chão. – Com esta pedra aqui eu faço a sopa mais deliciosa do mundo. O importante é lavar bem, esfregar bem e deixar a pedra bem limpa antes de botar na panela.
E o bom velhinho então lavou a pedra. Em seguida, encheu a panela com água, pôs a pedra dentro e botou tudo no fogo. Quando a água começou a ferver, ele provou e disse:
- É... até que não está ruim... Só não vai ficar boa mesmo, de verdade, porque não tem sal.
- Não seja por isso – disse a velha. – Eu tenho e lhe dou uma pitada.
- Ótimo. Com um pouquinho de cebola e alho, fica melhor ainda.
- Não seja por isso – disse ela. – Eu lhe arrumo.
-E um temperinho verde, de horta, será que não tem? Dá gostinho especial na sopa...
- Vá lá, não é por isso que essa sua sopa vai ficar sem gosto.
Foi pegar e voltou depressa para o lado dele. Estava louca para aprender a fazer aquela sopa. Podia ser mesmo uma sorte receber aquele viajante em casa. Se ele lhe ensinasse a se alimentar só com uma sopa feita de pedra e água, com certeza ela ia economizar muito daí por diante.Mas não pôde ficar muito tempo na beira do fogão, observando. Porque logo que o velhinho jogou os ingredientes na panela e deu uma mexida, ele tornou a provar e fez uma cara de quem estava em dúvida.
- O que foi? – perguntou a mulher.
- Não sei bem. Parece que falta alguma coisa neste caldo. Talvez um pedacinho de carne ou de lingüiça...
- Não seja por isso – respondeu ela. – Se é uma sopa tão maravilhosa e tão econômica assim, não vai ser por um pedacinho de carne que vamos perder essa maravilha.
Foi lá dentro e voltou com um pedaço de carne, outro de lingüiça. O velhinho jogou tudo dentro da panela. Deixou cozinhar mais um pouquinho e então respirou fundo:
- Está começando a ficar cheirosa, não acha?
- É mesmo – concordou a velha, interessada.
- O problema é que vai ficar meio sem graça assim branquela, sem cor. O gosto está bom, mas fica sempre melhor quando a gente tem um pouco de colorido para enfeitar. Um pedaço de abóbora,uma cenourinha, uma batatinha... mas isso não é mesmo muito importante, a senhora não acha? É só aparência...
A mulher, louca para aprender bem a fazer aquela sopa preciosa, foi dizendo:
- Não seja por isso. Vou ali na horta buscar.
Voltou carregada de tudo o que ele pediu.A essa altura, ela já não se limitava ficar olhando. Tratava de ajudar mesmo, para andar depressa e também para ela ter certeza de que não estava perdendo nenhuma etapa da preparação daquele prato tão maravilhoso e econômico. E o fogo, ia esquentando. E a água, ia fervendo. E a sopa, ia borbulhando.
Os dois esperavam, sentindo aquele cheiro ótimo.
- Pronto! Agora está perfeita! Uma delícia! É só tomar.
A velha trouxe dois pratos fundos, e ele serviu. Ela ficou olhando, para ver o que ele fazia com a pedra, mas o Frade deixou a pedra na panela.
-E a pedra? A gente joga fora. Perguntou a velha
- É... Ou então lava bem e guarda para fazer outra sopa no dia em que for preciso.
MORAL DA HISTORIA:
Se cada um doar um pouco de si, seja em ações, sentimentos, alimentos, todos nós teremos uma ceia farta no Natal. Praticar sempre a solidariedade, quer época melhor pra isso do que o Natal. E não se esquece de uma pequena pedra você pode fazer uma farta sopa!!!!
FELIZ NATAL !!!
Fabiana Ferreira
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