Já é tempo? SIM, diz meu coração em pulos!!! E me atento a procurá-la. Levo tempos a lembrar me de seu paradeiro. Falha de memória ? Talvez. Com certeza a guardei em um lugar quentinho qualquer... Há tantos armários , tantos cantinhos possìveis …Finalmente a toco, abro a tampa com cuidado, atenção, ansiosa ao seu conteúdo (como se não me fosse velho conhecido). Há um suspiro breve, um olhar perdido ...Aperto os lábios, e lá estou eu novamente com a mão menina, de jeito cuidadoso. E me vejo novamente nas pontinhas dos pés! Busco a caixinha cor de carmim e finalmente a trago junto ao corpo. Primeiro a sinto com a ponta dos dedos, ai de olhar cumprido a busco e a envolvo, enfim. Um gosto melado e cheiroso de doce quente de aveia me faz salivar a boca e pesar longamente os olhos. Levo a caixinha ao rosto e ainda sinto seu cheiro doce e verde de chá de erva cidreira colhida e coada à pouco. Teimo em sentar me sobre os joelhos, mas eles doem. Desisto !!! Caixinha sobre o colo,caixinha com ares antigos , caixinha grande cheia de coisas miúdas !!! Um quadrinho com a foto da menina Isildinha , alguns santinhos quebrados , um velho e dourado relógio, uma medalha de Santo Antonio de Padova (O lingua benedicta ), uma aliança já cheia de zinabre , leio devagarinho : “dei ouro para o bem do Brasil”, um canivete com parte em madrepérola , numa caprichada capinha de couro , um anel de ouro branco , com uma perola rodeada de florzinhas , e o meu bem maior: fotos , muitas fotos antigas ... Mas o tempo é curto , lembro me da minha não pequenez , e me recomponho. Caixinha em mãos , já tem seu lugar definido , sobre a árvore de Natal , a me fazer companhia e a me lembrar que nunca estarei sozinha , pelo menos enquanto tiver minha caixinha... Um Santo e Feliz Natal a todo.
Solange Borini
Solange Borini
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