12/05/2013

Natal na roça


Véspera de Natal.
Um pinheiro com os galhos cobertos de algodão; em uma prateleira, algumas frutas agrupadas; estendida na mesa, uma toalha avermelhada, e, no cantinho da sala, um pequeno presépio feito de palha, sabugo de milho e cascas de café. A luz da lamparina alumiava o ambiente simples.
- Hoje, é véspera de Natal. Vamos reunir a família em volta da mesa para comemorar, e não durmam cedo demais, meninos!
- Pai, que horas vamos rezar?
- Às dez horas. Vamos rezar, cantar um pouco e depois comer aquele peru que nós criamos e que a mãe assou hoje. Vamos começar logo.
- Pai – perguntou Celinho – o papai Noel vai trazer presentes?
- Não sei. Tem ano que ele passa, tem ano que não. Mas deixe a alpargata na janela, quem sabe ele passa!
- Antes de começar a ceia vamos nos abraçar. É o abraço da alegria, do perdão para que possa existir Natal. Não tenham raiva de ninguém e esqueçam as briguinhas do dia a dia - disse a mãe.
Noite Feliz - tradicional música natalina - tocava no rádio de pilha.
E saborearam a carne, tomaram refrigerantes, comeram frutas e um doce de pêssego preparado pelas moças da casa. Havia no local uma paz contagiante. Aquela casa simples, sem nenhum luxo, piso de tijolo encerado, comemorava o Natal, como todos os anos.
Depois de desejarem feliz Natal uns aos outros, todos foram dormir, em cama de colchão de palha. João, Célio e o irmão menor deixaram as alpargatas na janela e ficaram de olhos abertos para ver se papai Noel passava, mas, cansados, logo dormiram.
À meia noite, o pai, a mãe e os filhos maiores se levantam, descalços, e suavemente colocam, nas alpargatas de cada menino, uma pequena lembrança: um brinquedo simples comprado na cidade e guardado para aquela noite. Nenhum deles acordou. Dormiam todos placidamente.
Os sinos tocam na Capelinha. Noite silenciosa! A lamparina está apagada, mas naquela casa brilha uma luz criança.
É Natal. O menino Jesus acaba de nascer!


    (Walter Peres Chimello) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário