Nesse Natal, eu queria ganhar uma varinha mágica de presente... Com ela, santo Deus, quanta coisa eu poderia fazer! Em primeiro lugar, eu tiraria a pobreza e a fome do mundo, só para não ver aqueles corpinhos magrinhos na TV, e todas as crianças seriam gordinhas e sorridentes... Em segundo lugar, transformaria desertos em terras produtivas e em verdadeiros celeiros para o povo. E, finalmente, em terceiro lugar, eu tiraria o poder das mãos dos homens e o colocaria nas mãos de anjos do Senhor, que nos guiariam a Deus....tranquilamente.... Emilia Cerdeira Diz
Véspera de Natal. Um pinheiro com os galhos cobertos de algodão; em uma prateleira, algumas frutas agrupadas; estendida na mesa, uma toalha avermelhada, e, no cantinho da sala, um pequeno presépio feito de palha, sabugo de milho e cascas de café. A luz da lamparina alumiava o ambiente simples. - Hoje, é véspera de Natal. Vamos reunir a família em volta da mesa para comemorar, e não durmam cedo demais, meninos! - Pai, que horas vamos rezar? - Às dez horas. Vamos rezar, cantar um pouco e depois comer aquele peru que nós criamos e que a mãe assou hoje. Vamos começar logo. - Pai – perguntou Celinho – o papai Noel vai trazer presentes? - Não sei. Tem ano que ele passa, tem ano que não. Mas deixe a alpargata na janela, quem sabe ele passa! - Antes de começar a ceia vamos nos abraçar. É o abraço da alegria, do perdão para que possa existir Natal. Não tenham raiva de ninguém e esqueçam as briguinhas do dia a dia - disse a mãe. Noite Feliz - tradicional música natalina - tocava no rádio de pilha. E saborearam a carne, tomaram refrigerantes, comeram frutas e um doce de pêssego preparado pelas moças da casa. Havia no local uma paz contagiante. Aquela casa simples, sem nenhum luxo, piso de tijolo encerado, comemorava o Natal, como todos os anos. Depois de desejarem feliz Natal uns aos outros, todos foram dormir, em cama de colchão de palha. João, Célio e o irmão menor deixaram as alpargatas na janela e ficaram de olhos abertos para ver se papai Noel passava, mas, cansados, logo dormiram. À meia noite, o pai, a mãe e os filhos maiores se levantam, descalços, e suavemente colocam, nas alpargatas de cada menino, uma pequena lembrança: um brinquedo simples comprado na cidade e guardado para aquela noite. Nenhum deles acordou. Dormiam todos placidamente. Os sinos tocam na Capelinha. Noite silenciosa! A lamparina está apagada, mas naquela casa brilha uma luz criança. É Natal. O menino Jesus acaba de nascer! (Walter Peres Chimello)
Maria estava desolada hoje, a minha babá, ô coisa esquisita nessa altura da vida, ter uma babá! Minhas duas filhas na Austrália, não poderiam vir. A bisnetinha, filha de Sara (a neta que tem meu nome), não conheço, dizem ser igualzinha a mim, na velha foto velha que carregaram. Fiz noventa anos redondos, para que mais festa? Já me festejaram demais esse ano, grande coisa, noventa anos! Pra que Natal, agora? Maria me enxerga sozinha. Sozinha! Tanta gente nova ligou...os velhos estão cá dentro, morreram, caducaram, ih! quase meia-noite. Maria deixou no forno uma lasanha de berinjela, arroz integral com passas e nozes, ainda me deu um porta-retrato, com o salário que tem! Eu lhe dei dinheiro, ela bem precisa, sei, sem marido, e filharada... O vizinho do 703 é sozinho, queria festejar, gosta de conversar ... A do 705 queria me juntar com o pai do marido (que não gosta da mãe dela). Recusei os dois: quero ficar quietinha na varanda, olhar o céu, comer a comidinha da Maria, com meu Malbec e pensar comprido – em quem já foi, na família que se espicha lá longe, no Jorge! Jorge! Tantos natais! sou semente? Queria de Natal, escuta aí Jorge: comer...beber...espalhar as fotos da nossa família, deitar na cama e...dormir devagarinho...e... ...não ´tá na hora de me recolher a raiz? Jesuisinho, me ouve? Quero um céu de Natal.
Acuado, o calango magro e comprido rebolou em ligeireza de pavor, riscando o chão de terra batida: hora ruim para errar ali. Fez-se dele caça, o mínimo peru, a porção de carne para aquela noite de Natal.
A guarnição, um punhadinho de vagens de feijão verde debulhadas vagarosamente pelas pequenas mãos de Ednaldo, Ednei e Edmilson – a mãe Lindalva os pusera à cata de véspera, e pedia cuidado para que nenhum grão se perdesse, a bacia de lata como bateia de pequeninas riquezas. Um naco de rapadura seca escondida num vão da taipa, pepita de ouro que adoçaria o desfecho.
Pai não havia, ou, antes, houvera, sem nome nem registro, Lindalva nem saberia dizer. Apenas que eram seus filhos, saídos de si, um tanto barrigudinhos e empoeirados pelas faltas tantas.
Para cada um dos meninos, embrulhadas em chita florida com o requinte do laçarote, duas bolinhas de gude verde-azuladas, gotas de vidro, simulacros de chuva no calorão trincado, desidratada a vida.
Na mesinha solenemente posta, a lamparina de querosene, um círio natalino; o calango magicamente dourado e trinchado para que se lhe borrasse a forma original, sobre cama de farofa branca. Os feijões verdes boiando cozidos numa água rara, muito caprichosamente chegados ao ponto de alguma dignidade – o dia todo vigiara a Lindalva o fogo pouco para que a ceia maturasse em perfeição.
No arremate, a rapadura, picada em cubos, nenhuma lasca de desperdício, de modo a render dois pedaços a cada um – abria mão da sua porção para oferecer os haveres aos filhos em número par, duas bolinhas de presente, dois pedaços de doce, recurso que era um refrigério imaginário, ilusão de abastança, um despiste à miséria, que alguma ilusão nos salva um pouco.
Pôs os meninos a ajudar depois na limpeza dos pratos de ágata lacerada, permitiu-lhes o jogo de gude, bolinhas que à luz da lamparina brilhavam como água abençoada, quicando e lavando a existência seca, até a exaustão lhe espreitar. Então chamou os seus três meninos às redes de dormir, alimentados, não fartos, mas pacificados, numa noite feliz.
Já é tempo? SIM, diz meu coração em pulos!!! E me atento a procurá-la. Levo tempos a lembrar me de seu paradeiro. Falha de memória ? Talvez. Com certeza a guardei em um lugar quentinho qualquer... Há tantos armários , tantos cantinhos possìveis …Finalmente a toco, abro a tampa com cuidado, atenção, ansiosa ao seu conteúdo (como se não me fosse velho conhecido). Há um suspiro breve, um olhar perdido ...Aperto os lábios, e lá estou eu novamente com a mão menina, de jeito cuidadoso. E me vejo novamente nas pontinhas dos pés! Busco a caixinha cor de carmim e finalmente a trago junto ao corpo. Primeiro a sinto com a ponta dos dedos, ai de olhar cumprido a busco e a envolvo, enfim. Um gosto melado e cheiroso de doce quente de aveia me faz salivar a boca e pesar longamente os olhos. Levo a caixinha ao rosto e ainda sinto seu cheiro doce e verde de chá de erva cidreira colhida e coada à pouco. Teimo em sentar me sobre os joelhos, mas eles doem. Desisto !!! Caixinha sobre o colo,caixinha com ares antigos , caixinha grande cheia de coisas miúdas !!! Um quadrinho com a foto da menina Isildinha , alguns santinhos quebrados , um velho e dourado relógio, uma medalha de Santo Antonio de Padova (O lingua benedicta ), uma aliança já cheia de zinabre , leio devagarinho : “dei ouro para o bem do Brasil”, um canivete com parte em madrepérola , numa caprichada capinha de couro , um anel de ouro branco , com uma perola rodeada de florzinhas , e o meu bem maior: fotos , muitas fotos antigas ... Mas o tempo é curto , lembro me da minha não pequenez , e me recomponho. Caixinha em mãos , já tem seu lugar definido , sobre a árvore de Natal , a me fazer companhia e a me lembrar que nunca estarei sozinha , pelo menos enquanto tiver minha caixinha... Um Santo e Feliz Natal a todo. Solange Borini
17 de novembro de 2013, um domingo como qualquer outro. Para mim. Não para minha mãe. Quando dezembro surgia no horizonte, trazendo mais um final de ano, a euforia dela alcançava seu nível mais alto. Não porque o natal ou réveillon estavam chegando, com comemorações grandiosas, comidas e sorrisos de crianças. Mamãe ficava eufórica pelo simples ato de montar sua árvore de natal. Por muitos anos fui sua companheira, passando algumas horas pendurando os enfeites e a estrela no topo da árvore. Mas minha empolgação nunca se comparava à dela. E ali estava eu tentando entender como aquela mulher conseguia ficar mais de quatro horas decorando meticulosamente sua querida árvore de natal. - Esse ano não vão ter bolinhas coloridas? – perguntei ao observar o padrão vermelho e prateado. - Não – respondeu, profundamente concentrada em sua tarefa. Natal sempre teve um significado especial para ela. Porém, porque maior ânsia para se montar a árvore do que para a comemoração do natal propriamente dita? O significado por trás do ato não representava nada para mim, mas para mamãe, ah, era obviamente crucial. Mergulhei em suas memórias. Na condição de uma criança carente apaixonada por natal, havia importância em montar a árvore: Era uma ocasião em que minha avó reunia os filhos para enfeitar com cores e luzes o pequeno símbolo do dia 25 de dezembro. E isso bastava. Então quando chegava a hora de decorar a árvore de natal, minha mãe repassava os sentimentos e as emoções de sua infância. De pronto, passei a ver minha mãe de outro modo, admirando sua paixão ao invés de julgá-la. Ela estava ali, recapitulando gestos de união familiar, enquanto eu a observava e franzia o cenho. Que lembranças eu teria quando montasse minha árvore de natal? - Esse, mãe. – Apontei para o fio que ela carregava na mão esquerda. – Luzes vermelhas combinam mais com a decoração. Ela acatou minha opinião; os olhos se acendendo com admiração pelo resultado de seu trabalho. Ainda não tinha percebido a minha epifania. Ainda. Isabella Branquinho
"Pai, conta de novo aquela história bonita?", pediu o menino Josué, insistente. "Qual história, filho?", devolveu a pergunta o pai, Saul. Era um hábito repetir histórias incontáveis vezes durante as viagens que a família fazia todos os anos a Jerusalém. "Aquela, pai, dos anjos que o vovô viu cantar no céu"! "Ah! Sim, sim... teu avô... O vovô era pastor na região de Belém, há muitos anos atrás, filho, no ano do Imperador Cesar Augusto. Nossa família tinha poucas ovelhas e um belo cão pastor, que nunca saíra do lado dele. Quando o sol começava a se pôr no horizonte, lá ia ele para as montanhas com o pequeno rebanho e cachorro eufórico. Ele se sentava em alguma pedra, brincando com o cão, enquanto as ovelhinhas andavam de um lado para o outro. Logo se juntavam a ele outros rebanhos da vizinhança, e os pastores se distraíam num longo bate papo até à madrugada. Eu tinha quase a tua idade, filho, e me lembro como se fosse hoje quando ele chegou em casa nos chamando para ir ver o bebê que chorava na manjedoura. A tua avó ficou espantada, não acreditou na história e disse não queria que saíssemos à noite, mas papai insistiu e contou que ouvira os anjos cantarem 'glória'. Ele tremia e disse ter visto o céu aberto, e uma música celestial... quando um dos anjos disse: 'não temas! eis que vos anuncio uma grande notícia! Hoje vos nasceu o Salvador'! Depois de ouvir isso, filho, mamãe olhou para o céu, fez uma oração de agradecimento, e nos levou a todos correndo atrás do papai, rumo ao lugar onde os anjos mostraram. E lá estava o bebezinho, envolvido em faixas, no colo de sua mãe. Sua mãe era uma mulher linda, de sorriso iluminado, mas tinha o rosto cansado de uma longa viagem. Ela olhou fundo nos meus olhos, e eu nunca esqueci aquele olhar, filho! Nós ficamos lá algumas horas contemplando aquela cena magnífica. Muitos outros pastores vieram; também três reis lá do Oriente, trouxeram presentes lindos. Só voltamos para casa depois que amanheceu". Enquanto Saul contava, outros meninos da caravana se aproximaram para ouvi-lo. Estavam próximos da cidade, quase chegando na hospedaria. Então Josué, que não se continha, interrompeu a história: "Pai, conta logo, aquele bebezinho era o homem que morreu aqui, no ano passado, não era"? "Era, sim, filho", respondeu Saul, "era o homem que morreu e ressuscitou! E isto vai ser lembrado e celebrado por todos os homens de boa vontade, todos os anos. E os pais hão de contar para os seus filhos, como faço com você e teus irmãos. E agora vamos. Vamos desfazer a nossa bagagem, pois temos que subir à Jerusalém". Rita Célia Rodrigues
Enquanto pensava na vida, ela olhava a madeira verde estalando no fogo que ardia e as chamas tremeluzindo nas dobras do tempo. Quando o menino nasceu já era quase dia, o sol espiava no topo da serra e os pássaros cutucavam a manhã que ainda dormia. Os moradores da redondeza retiravam-se enfileirados, levando nos ombros a friagem da chuva que lava dezembro e nos olhos o peso da noite interrompida. Da cozinha vinha o cheiro forte do café coado as pressas, para repor as forças esparramadas com os gemidos da mulher que paria. Mais um que ela havia trazido ao mundo. Não estava feliz nem triste, trazer criança ao mundo era o seu oficio, obedecia sempre o relógio da vida e já havia perdido a conta de quantas crianças ajudou a nascer. Alguém veio lembrar-lhe que era noite de natal, ela atiça a lenha no fogo e acende na mente um turbilhão de profecia. É sempre assim, aprendeu muito antes que a fome lhe doesse nas entranhas, que a vida é um ato continuo de espera, que cada um de nós somos feitos de pequenas e grandes gestações e não há nenhum calendário que possa mudar ou definir as estações da alma. Só é feliz quem a todo instante sabe fazer barganha com a vida, dando em troca o que a própria vida lhe oferece. Pensando assim, ela não espera por uma data especifica, faz e refaz suas ceias com sobras de ontem e sementes de amanhãs, abre caminhos pelas veredas misteriosas e renasce a cada choro que grita com a luz, se perde nos gemidos e nas dores alheias e acredita no Menino que veio pra salvar a humanidade e nos meninos que ela salva por instinto e necessidade. Perpétua Amorim
Planejara o Natal de forma diferente esse ano. Nada de confraternizações impessoais, trocas educadas de presentes, muita comida, bebedeiras e falta de assunto. Sempre fora acolhida por compaixão ou solidariedade, mas isso não a satisfazia. Queria mais do Natal. Sempre idealizara o Natal como um encontro de pessoas que realmente nutriam carinho umas pelas outras. Onde histórias familiares seriam contadas, celebrando saudade dos entes queridos que partiram. Meia-noite, uma oração seria feita, sinceros abraços distribuídos e o sagrado ritual da ceia natalina teria início. Comeria respeitosamente a “carne de Cristo” representada no alimento saboroso ali presente. Sorveria o “sangue de Cristo” no vinho à mesa, amaria cada momento, agradecendo por toda paz e alegria do Natal. Começou acendendo um incenso, colocou um cd com músicas que a emocionavam ao ouvi-las. Com o intenso calor, abriu janelas, portas, tomou banho de água fresca lavando com carinho os cabelos, todo corpo e alma... Abriu um vinho, brindou com a garrafa e vestiu-se confortavelmente com uma bata branca. Calçou chinelo, soltou os cabelos cacheados que acariciam seus ombros. Sua pele exalava um delicioso aroma do óleo que passara ao tomar banho. Sentia-se tão bem em sua solidão, prontíssima para sua noite! Seus movimentos em câmera lenta incitavam sua mente a refletir sobre o decorrer do ano. Geralmente fazia isso às vésperas do Ano Novo, mas como já citei no início, esse ano seu Natal seria diferente. Deixaria para confraternizar e se divertir na chegada do ano novo. Seu coração pedia quietude, chorar de saudade, arrependimento e satisfações. Queria mais do que tudo um encontro com o menino Jesus em oração. Conversar, pedir perdão pelos erros cometidos, pelas boas ações deixadas de realizar. Agradecer pela primorosa vida e por ter sabedoria em valorizá-la. Queria ser abençoada na saúde e nas pessoas que amava. Que o presente viesse do céu estrelado, da lua reluzente. Não precisava de companhias, ruídos, risadas e comilança, apenas da magia da serenidade... Ainda beliscou algo, tomando vinho e aguardou ritualmente meia-noite, onde lá fora rojões e fogos de artifícios explodiam no infinito céu azul. De joelhos, buscou o Pai em oração e o encontrou. Conversou longamente entre lágrimas com ele. Ergue-se, escovou os dentes, desligou o som, lavou a taça e o prato. Em paz e satisfeita dormiu àquela noite. Adriana Barbosa Raymundo
Era véspera de Natal. Naquele quarto de hospital, minha melhor amiga, Letícia, internada desde sete de dezembro. Conhecíamo-nos desde os seis anos, agora, já quase vinte de amizade inteira. Colegas de colégio, vizinhas, cursávamos Inglês, Francês, Piano, sempre juntas. Na Natação, mesmo clube, e em bailes, matinês, Carnaval lá estávamos nós duas. Só nos separávamos nas férias; destinos diferentes. Pelo casamento, afastamo-nos muitos quilômetros,porém só fisicamente. Ambas passamos a residir, com esposo, fora de nossa cidade: Rio. Nesse momento longínquo , Letícia ,em Juiz de Fora. Eu, residindo em Ilhéus, viera, com o marido, passar as Festas, com meus pais, no Rio. Sabendo, pela mamãe, de sua piora, e que seria submetida à nova cirurgia, mudei planos e fui ter com ela. Haveria amanhã?! No canto do quarto, pequenina árvore de Natal contrastava com o ambiente sombrio. Tão logo vi, sabia que a ideia era dela... Fiquei hospedada em sua casa, bem como seus pais, que, ali, estavam pela confraternização da data. D. Avani me contou que a filha pedira que se preparasse a Ceia, não completa, pela impossibilidade do local, mas com castanhas, salpicão, peru fatiado, frutas, panetone e Esperança. Apesar dela nada poder saborear... Presentes foram colocados ao pé da Árvore, que, sussurrava: É Natal ! Comemos, deliciamo-nos ( precisávamos " fazer de conta" ! ). Bem próximo da meia noite, entram no aposento, agora apertado, as freiras do andar, carregando lindo bolo confeitado. D. Avani arregalou os olhos, misto de espanto e surpresa, e explicou às freiras que era melhor levarem de volta, pois a filha estava em dieta zero. Fui para perto da Le, e acariciava a mão, como se, com aquele gesto, a pudesse ligar à vida saudável. Todos se entrolharam. Fez-se silêncio... De repente, Letícia, em seu jeito manso de ser, colocou: - Nada disso, mãe, eu não posso comer, agora, mas vocês podem...sejam bem-vindas, Irmãs, e, caso possam, celebrem conosco ! - Vamos ficar, celebrar pelo Amor e pela Vida. Vamos, todos, orar por você. Amém! Ouviu-se em uníssono. O Natal inesquecível de nossas vidas foi aquele, quando aprendemos tanto com Letícia. Minha amiga foi transferida para o CTI, do Rio. Foi operada outras vezes. Somente em Março do novo ano, deixou o hospital. Continua alegre, otimista. E a cada Natal, eu me recordo daquele...e dou graças ao Pai por continuarmos tão amigas ! Eny Sandoval P Lichtcajer
Eu a vi na vitrine, entre tantas. Linda! Olhos verdes, longos cabelos loiros. Vestido vermelho, deslumbrante. Lábios rubros. Me apaixonei por ela no primeiro instante. Mamãe estava comigo e viu meus olhinhos brilhando. Na noite seguinte o Papai Noel a levou para mim. Ele realmente advinhou, eu pensei. Chorei de alegria e encantamento. Eu abracei minha boneca com todo meu amor e prometi a ela, comovida, que seria minha 'eterna companheira". Jurei amor eterno de todo o meu coração. Me sentia a mais feliz das menininhas com ela nos meus braços. Felicidade sublime. Plena. Indizível. Perfeita. Então minha prima, criada pela minha avó, chegou para o almoço de natal. Quis ver meu presente. Eu mostrei. Minha prima quis pegá-la. Não deixei. Não podia deixar. Não conseguia deixar. Então ela ameaçou: “Vou contar para sua mãe!” E eu respondi: “Conta! Eu não deixo. Ela é minha. Eu a amo. Foi o Papai Noel que me deu. Pede uma para ele. Ele dá uma para você.” Mas ela não me ouviu. Arrancou-a das minhas mãos. Impiedosamente. E saiu correndo. Eu sai correndo atrás delas, pedindo, fervorosamente, que a devolvesse. No meio do caminho a minha avó viu minha prima com minha boneca amada. Também me viu chorando, aos soluços. Mandou ela me devolver a boneca. Com raiva ela disse: “Toma!!!” e... colocou-a em cima do botijão de gás... perto do forno quente de onde sairia o peru de natal. Foi tudo muito rápido. Quando eu a peguei já não havia mais os olhinhos, nem metade da cabeça... e os cabelos se pendiam ao chão. O meu nãoooooooooo.... desesperado, soou pela vizinhança. Me lembro de abraça-la e sentir um pedaço de mim se condoendo em chamas. Chorei por horas seguidas. A dor era gigante. Eu disse à minha prima: “Nunca mais fale comigo! Nunca mais. Eu odeio você!” Ela me respondeu: “Me perdoe. Você perdeu a sua boneca mas tem a sua mãe. Eu não tenho mãe. Minha mãe morreu quando eu nasci. Eu nunca a vi.” Ela chorava. A dor era profunda. Eu a abracei forte e choramos juntas. Eu a perdoei. (…) Quando minha prima se foi eu disse à minha mãe que ela é o MAIOR PRESENTE que DEUS me deu... Angelica Rissi
Quando eu conheci o Nosso Senhor Jesus Cristo, e já faz muito tempo, Ele ainda era menino, menino como eu, e foi lá na Capela de Santa Rita, do Padre Zé Lamberti, lá no Vilarejo do Buritizinho. Tava ele, o menino Jesus, todo bunito, todo branquim, deitado no presépio, que tumbém era muito bunito,cercado de animalzinho, do São José e da Virge Maria, arrodeado de grama verdinha feita de serragi tinturada. Era Natar. Mas naquelas época Natar num era que nem que é hoje não; num tinha presente, num tinha nem papai Noel. Mesmo assim, na inocença de criança, sentia que aquela época tinha algo muito especial. As pessoa era mais alumiada, mais limpinha, as roupa mais bunita, as missa diferente, inté a batina do padre Zé Lamberti ficava mais formosa, com umas cor de lindeza sem fim. E num sei proque, sismei na minha cabecinha, nos sonhos de meninice, que se olhasse praquele menino e pedisse, quarque coisinha, um tiquinho de nada, que nada fosse pros outros, mas especial pra mim; nada demais, só um mimo, uma bola de capotão ou uma comida gostosa pro armoço de domingo. Que se eu chegasse pertim dele e fechasse os olhos bem fechadim e pedisse com força, com muita força que de repente ele dava pra mim; ora, tia Carmen ensinava nos catecismo o tanto que Ele era bão e se Ele era bão nunca que ia nega um pedidim assim pra mim. Arre, ano após ano, natar em cima de natar, eu fui lá no presépio e cheguei perto do meninim bunito e fechava os óio, e pedia, e pedia com força e pedia com mais força ainda e... nada. Ano após ano, natar em cima de natar eu pedi, pedi com força e aquele menino, com toda a buniteza do risinho no rosto, com os bracinhos abertos.... nunca que me atendeu. A despois, a despois que tudo se foi – as tolice das meninice, as quermesse da Capela de Santa Rita, o padre Zé Lamberti e suas batina bunita e tumbém o presépio - me esqueci do menino Jesus, desaprendi, cansado de num se atendido, a pedi.... e lutei. Lutei, briguei, me esturruquei pelas coisa que eu queria. E foi com muita briga, muita luta e labuta que conquistei de tudo nessa vida. Cada mimo, do mais pequininim, aos luxo moderno, conquistei suzinho sem pedi nada pra ninguém. Nunca faltou as força, mas os óio agora tava bem aberto, por causa que esse mundo num é coisa de Deus não. Tanta briga, tanta peleja deixaram suas marca no meu corpo, sulcaram meus nervos de dor como o arado fere a terra. Os ponteiro do tempo como navalha, tatuaram doloridas medalhas na minha cara por cada batalha vencida. Essas marcas, as chaga do corpo e da cara, o dinheiro e o poder inté que ameniza, duro, duro é as ferida do espírito, essas ninguém apaga, porque ferve dentro da gente; e quanto que dói a ferida da raiva, quanto lateja a chaga da solidão. A porque, quando a gente tá nessa peleja de vencê sozinho esse mundão, nada do que a gente arrebanha por interesse num chega ao coração e coração suzinho esfria, embrutece, corta a alma, espora o espírito. E foi assim, nessa lastimave conjuntura que enfim reencontrei Jesus Cristo Nosso Senhor e dessa vez quem pediu arguma coisa foi Ele, e Ele me pediu assim: “Olha pra Mim!”, recarcado, ressabiado com as decepção do passado, fui subindo os óio devagarzim por debaixo das parpebra, que tava meio aberta, meio fechada e olhei pr’Ele e vi que Ele, que nem que eu, ali pregado na cruz, trazia tumbém as chagas pelo corpo, tava judiado pelas bataia da vida. Meus óio se abriro um pouco mais e pude vê que, embora nóis carregasse marcas parecida pelos corpo, nos nosso coração a gente diferençô demais, ao contrário de eu, por dentro o filho de Deus estava limpo, são, alumiado do mesmo jeitim que tava quando eu vi Ele pela primeira vez lá no presépio da Capela de Santa Rita, lá onde eu tanto , tanto que pedi, pedi só um pouquinho e Ele me negou. E na hora que eu fitei os óio d’Ele, Ele leu meus pensamento,a porque o filho de Deus é assim num carece da gente proseá pr’Ele, porque Ele já sabe das nossa palavra inté antes delas sai da nossa boca e diante daquela mágoa de menino que campeou meu destino por pastagens tão malditas, Ele sorriu e me deu um presente, me presenteou não com um mimo qualquer, um brinquedo ou uma comida boa, dadivou-me com uma vida nova e meu coração finalmente encontrou o coração do Salvador e o meu ‘eu’ criança encontrou outra vez o menino Jesus e de mãos dadas saímos a passear, jogando pedra na lagoa, correndo atrás de passarim, chutando uma bola de meia nas graminha verdinha do presépio da Capela de Santa Rita lá no arraiá do Buritizinho. Paulo Rubens Gimenes
Tinha sido o melhor presente de Natal que Lorenzo ganhara até hoje: uma espingarda de chumbo. Seu tio e também padrinho chegou à fazenda uns dias antes da comemoração e acabou por entregar, entusiasmado, o presente destinado a ele. Assim poderiam treinar juntos, assim o padrinho teria tempo para ensina-lo a armar a espingarda e a mirar. A mãe de Lorenzo ficou contrariada com o presente: o menino tinha apenas 12 anos e uma arma poderia ferir alguém. Mas o entusiasmo de filho era tanto, o tio garantiu que não tinha riscos, o pai gostou de ver seu filho com brinquedo de homem, a avó sorriu condescendente... E ali era uma fazenda, o local ideal para esse tipo de atividade. O acordo foi que eles somente atirariam em latas de cerveja. A noite foi longa demais para Lorenzo, a rotação da Terra não se completava. O rebuliço dos pássaros na alvorada instalou na cabeça do menino a vontade de usar sua nova espingarda para caçar passarinhos. Como seu tio na infância dele. Ele só pensava em como seria bom caça, mas antes ele teria que aprender a atirar. Nos dias que precederam a data festiva o treino foi pura diversão. Lorenzo demonstrou ter facilidade natural para o esporte. A latinha caía perfurada e era colocada a uma distância cada vez maior. Enfim começaram a arremessar a embalagem para o alto e então a dificuldade era redobrada: acertar o alvo móvel. No dia de Natal Lorenzo levantou cedo e saiu sozinho com sua espingarda. Sentou-se debaixo da mangueira carregada de frutas e enfiou o chumbinho no cano. Engatilhou a arma e atirou numa manga verde. Acertou. Engatilhou novamente a arma e mirou um bem-te-vi. Errou. Errou por 3 vezes. Aguardou a calmaria. Na quarta vez acertou. Em júbilo correu e pegou o passarinho nas mãos. O corpo quente, o pescoço frouxo. O tiro tinha perfurado o olho da ave. Lorenzo se sentou. E enquanto cavava a terra com as mãos para enterrar o bichinho, lágrimas incompreensíveis insistiam em escorrer pelo seu rosto. Elaize de mello
Para o Papai Noel, será que o Natal é um dia divertido? Será que para essas pessoas que trabalham vestindo a roupa de Papai Noel, caracterizando-o, acham isso realmente divertido? É muito cansativo... Afinal, é o dia de Natal que eles passam assim...trabalhando...e ganhando um dinheirinho “extra” para ajudar nos seus orçamentos. Mas eu ouvi uma dessas pessoas, um senhor já de cabelos brancos e barba branca original, dizer assim: “O Natal mais divertido que eu tive na minha vida foi trabalhando como Papai Noel. Ouvia coisas incríveis das crianças e me divirtia bastante... Por exemplo: um moleque caipira, do interior, com sotaque bem carregado, sentou-se perto de mim e disse: “_ Papai Noé – só o sinhô trazeno uma televisão nova pra eu....Imagina, Papai Noé, que a minha televisão veia só proseia, num dá as feição...” E eu, como Papai Noel, deduzi que a televisão daquele menininho havia queimado o tubo de imagem....” Emilia Cerdeira Diz
O Natal se aproximava e Joana pensava como iria fazer a ceia de Natal para os seus familiares. Com o que ela poderia presentear a todos? Assim, pensava Joana, pois de todo o coração e boa vontade, apesar de poucas posses, ela queria agradar a todos. Pensou muito, e resolveu que deveria seguir as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros, para que aquele Natal fosse “branco”, ou seja, tivesse mesmo um fundo pacífico entre a sua família, que passava o ano brigando, por isso ou aquilo... Pensou que seria um grande desafio e que deveria fazer todo esforço! Mas, notou bem onde deveria focalizar este esforço: na paz e edificação mútua de cada um dos membros de sua família... Pensou também que, antes, deveria exortar seus familiares para uma noite de Natal bem pacífica, toda branca, e que essa exortação teria dois lados, ambos tendo responsabilidades um para com o outro. Isto é, que cada um de seus familiares deveria também perseguir e compartilhar a paz, se é que todos iriam ter paz... Em outros Natais, seus parentes discutiam, e tinha até gente que saía magoada. Joana notou que deveria ressaltar que todos nós “vivemos com outras pessoas numa família de Deus, pois somos todos irmãos em Cristo” - Deus quer que sejamos responsáveis pelos relacionamentos na nossa família.Amor significa sacrifício, esforço e preocupação com outros. Ela queria um Natal onde todos compartilhassem seu amor abertamente, para que todos fossem mais amados! Ajoelhou-se e orou a Deus. Pediu a Ele que, antes de tudo, a perdoasse, bem como a todos os seus familiares, por sua falta de paciência e egoísmo. Que Ele derrubasse em todos a atitude de competitividade que cada um mostra todo dia em argumentos e discussões com outros membros da sua própria família. Que Ele desse energia através do seu Espírito para enxergar onde cada um poderia ser uma bênção de paz e um encorajamento para o próximo.Joana, assim, se sentiu muito mais encorajada e encontrou forças para fazer a sua ceia do Natal. Antes da ceia, pediu a palavra, agradeceu a presença de todos e o alimento que seria servido, e explicou a todos que a família foi criada por Deus para sermos felizes e que é essencial para o plano de Deus. Ilustrou que durante um terremoto, uma desgraça, ninguém consegue pensar só em sua conta bancária. Quase sempre uma pessoa diz que, numa situação dessas, só consegue pensar em sua familia. Não é necessário que aconteça um desastre para que saibamos dessa verdade. Mas, frequentemente, deixamos que a busca de dinheiro, prazer, desviem nossa atenção. Quer saber? Foi um sucesso aquele Natal na casa da Joana....
Divertido e alegre aquele Natal que passei só. Ironia??? Natal é festa de confraternização: como uma pessoa pode passar um Natal alegre e divertido sozinha? Pois foi. Passei-o só, mas com olhos diferentes daqueles que todo dia eu uso. Deus me deu, naquele dia, “olhos mágicos”.... Com eles, eu conseguia ver a transparência das coisas, como se tudo fosse de vidro... Vi um anjo num gato machucado... O mistério da morte, num besouro esmagado por um sola de sapato... As folhas cintilantes das árvores na primavera... As flores puras e cristalinas dos lírios no jardim de casa.... Uma multidão, em fúria, de formigas, labutando sem parar... E... Um uivo no meu ventre... demonstrando a fome que eu tinha de uma ceia de Natal.... Emilia Cerdeira Diz
Sonho com um milagre neste Natal. Espero, depois de tantos anos, um encontro... Espero encontrar com o meu maior sonho, eterno sonho: já faz tanto tempo! E, de cabelos brancos já, é possível que, de espanto, eu me surpreenda fria nesse encontro....é que estamos bem velhos, eu e meu sonho... Mas ele persiste: como por encanto, todos estão felizes; se beijam, se abraçam, e nada há mais para se desejar...porque tudo está completo e repleto de paz!
Um dia, um velhinho de barba bem branquinha vinha pela estrada com fome e chegou a uma casa onde morava uma velha muito pão-dura. Era noite de Natal, mas a velha muito pão dura não havia preparado nenhuma ceia. - Sou um pobre viajante faminto e cansado. Venho andando de muito longe. - O que quer – interrompeu a mulher. - É que estou com fome. Será que a senhora podia me ajudar? - Não tem nada de comer nesta casa – foi logo dizendo a velha. Ele olhou em volta, viu um curral cheio de vacas, um galinheiro cheio de galinhas, umas gaiolas cheias de coelhos, um chiqueiro cheio de porcos. E mais uma horta muito bem cuidada, um pomar com árvores carregadinhas de frutas, um milharal viçoso, uma roça de mandioca. - Não, a senhora entendeu mal. Eu não preciso de comida, não. Só queria era uma panela emprestada e um pouco d’água. Se a senhora me deixar usar seu fogão, eu já estou satisfeito. Porque aqui no chão tem muita pedra, e isso me basta. Eu faço uma sopa de pedra maravilhosa e nunca preciso de mais nada, já fico de barriga cheia. Alem do mais é noite de natal devemos comemorar Desse jeito, ela não tinha como negar. Então deixou. Meio de má vontade, mas deixou. Só repetiu: - Sopa de pedra? - É... – disse ele, se abaixando para pegar uma pedra no chão. – Com esta pedra aqui eu faço a sopa mais deliciosa do mundo. O importante é lavar bem, esfregar bem e deixar a pedra bem limpa antes de botar na panela. E o bom velhinho então lavou a pedra. Em seguida, encheu a panela com água, pôs a pedra dentro e botou tudo no fogo. Quando a água começou a ferver, ele provou e disse: - É... até que não está ruim... Só não vai ficar boa mesmo, de verdade, porque não tem sal. - Não seja por isso – disse a velha. – Eu tenho e lhe dou uma pitada. - Ótimo. Com um pouquinho de cebola e alho, fica melhor ainda. - Não seja por isso – disse ela. – Eu lhe arrumo. -E um temperinho verde, de horta, será que não tem? Dá gostinho especial na sopa... - Vá lá, não é por isso que essa sua sopa vai ficar sem gosto. Foi pegar e voltou depressa para o lado dele. Estava louca para aprender a fazer aquela sopa. Podia ser mesmo uma sorte receber aquele viajante em casa. Se ele lhe ensinasse a se alimentar só com uma sopa feita de pedra e água, com certeza ela ia economizar muito daí por diante.Mas não pôde ficar muito tempo na beira do fogão, observando. Porque logo que o velhinho jogou os ingredientes na panela e deu uma mexida, ele tornou a provar e fez uma cara de quem estava em dúvida. - O que foi? – perguntou a mulher. - Não sei bem. Parece que falta alguma coisa neste caldo. Talvez um pedacinho de carne ou de lingüiça... - Não seja por isso – respondeu ela. – Se é uma sopa tão maravilhosa e tão econômica assim, não vai ser por um pedacinho de carne que vamos perder essa maravilha. Foi lá dentro e voltou com um pedaço de carne, outro de lingüiça. O velhinho jogou tudo dentro da panela. Deixou cozinhar mais um pouquinho e então respirou fundo: - Está começando a ficar cheirosa, não acha? - É mesmo – concordou a velha, interessada. - O problema é que vai ficar meio sem graça assim branquela, sem cor. O gosto está bom, mas fica sempre melhor quando a gente tem um pouco de colorido para enfeitar. Um pedaço de abóbora,uma cenourinha, uma batatinha... mas isso não é mesmo muito importante, a senhora não acha? É só aparência... A mulher, louca para aprender bem a fazer aquela sopa preciosa, foi dizendo: - Não seja por isso. Vou ali na horta buscar. Voltou carregada de tudo o que ele pediu.A essa altura, ela já não se limitava ficar olhando. Tratava de ajudar mesmo, para andar depressa e também para ela ter certeza de que não estava perdendo nenhuma etapa da preparação daquele prato tão maravilhoso e econômico. E o fogo, ia esquentando. E a água, ia fervendo. E a sopa, ia borbulhando. Os dois esperavam, sentindo aquele cheiro ótimo. - Pronto! Agora está perfeita! Uma delícia! É só tomar. A velha trouxe dois pratos fundos, e ele serviu. Ela ficou olhando, para ver o que ele fazia com a pedra, mas o Frade deixou a pedra na panela. -E a pedra? A gente joga fora. Perguntou a velha - É... Ou então lava bem e guarda para fazer outra sopa no dia em que for preciso.
MORAL DA HISTORIA:
Se cada um doar um pouco de si, seja em ações, sentimentos, alimentos, todos nós teremos uma ceia farta no Natal. Praticar sempre a solidariedade, quer época melhor pra isso do que o Natal. E não se esquece de uma pequena pedra você pode fazer uma farta sopa!!!!